Fala de Especialista: saúde e bem-estar dos pets no calor

Com a chegada dos dias mais quentes, cães e gatos precisam de atenção redobrada para evitar problemas de saúde causados pelo calor. A hipertermia, a desidratação e as queimaduras nas patas estão entre os riscos mais comuns, mas podem ser prevenidos com cuidados simples no dia a dia. 

O médico-veterinário, responsável pelo setor de Animais Silvestres do Hospital Veterinário da Uniube (HVU) e professor do curso de Medicina Veterinária da Universidade do Agro, Cláudio Yudi Kanayama, reuniu as principais dúvidas sobre hidratação, alimentação, passeios e ambiente seguro, com dicas práticas de especialistas em saúde animal.

Quais são os principais sinais de hipertermia em cães e gatos e como o tutor deve agir em casos de suspeita de insolação?
Cláudio Yudi: Os sinais mais comuns de hipertermia são respiração ofegante e intensa, salivação espessa e branca, gengivas muito vermelhas ou pálidas, fraqueza, vômitos ou diarreia, confusão e até convulsões. Em raças de focinho curto, como bulldogs, pugs e shih-tzus, ou em gatos com problemas respiratórios, a evolução do quadro costuma ser ainda mais rápida. Em casos de suspeita, é fundamental levar o animal imediatamente ao atendimento veterinário para uma avaliação rápida e o início do tratamento adequado.

De que forma os tutores podem garantir uma boa hidratação dos pets nos dias mais quentes? Há estratégias criativas para estimular os animais a beberem mais água?
Cláudio Yudi:O ideal é oferecer vários bebedouros no ambiente, sempre com água limpa e fresca, trocada pelo menos duas vezes ao dia. Outra alternativa é o uso de bebedouros do tipo fonte, que estimulam a ingestão, especialmente entre os gatos.

Existe algum tipo de alimentação ou petisco que pode ajudar os animais a se refrescarem durante o calor, sem prejudicar a saúde?
Cláudio Yudi: Algumas frutas seguras, como melancia, melão, maçã sem sementes e pepino, podem ser oferecidas em pequenas quantidades. Para cães, o iogurte natural sem açúcar pode ser usado com moderação. Já para gatos, patês gelados ou água de atum sem sal são boas opções. É importante evitar alimentos tóxicos, como uvas, chocolate e cebola.

Quais são os melhores horários para passear com os cães no verão e por que o asfalto quente representa um risco para as patas?
Cláudio Yudi: Os passeios devem ser feitos de manhã cedo ou no final da tarde, quando a temperatura está mais amena. O asfalto pode atingir temperaturas muito elevadas e causar queimaduras nas almofadas das patas em poucos minutos. Uma dica prática é: se a mão não aguenta ficar cinco segundos sobre o chão, não é seguro para o cão.

O uso de sapatinhos realmente protege as patas ou existem outras alternativas mais eficazes para evitar queimaduras?
Cláudio Yudi: Os sapatinhos ajudam, mas não são a solução perfeita, já que podem reter calor e umidade, causando desconforto. Além disso, alguns cães não se adaptam e podem ficar agitados ou até agressivos. Alternativas seguras incluem escolher rotas com sombra e priorizar caminhadas em gramados.

Como manter um ambiente seguro e confortável para os pets em casa durante o calor intenso? Ventiladores e climatizadores são recomendados?
Cláudio Yudi: O ambiente deve ter boa ventilação, sombra e água fresca sempre disponível. Ventiladores ajudam, mas em dias muito quentes podem ser insuficientes. O ar-condicionado é mais eficaz, desde que usado sem exageros para evitar choque térmico. Tapetes finos e áreas com piso frio também são boas opções.

Quais são os riscos de deixar um animal dentro do carro em dias quentes, mesmo que por poucos minutos?
Cláudio Yudi: O carro parado se aquece rapidamente, e a temperatura interna pode se tornar letal em poucos minutos. Nem mesmo janelas abertas são suficientes. O animal pode atingir temperaturas acima de 41 °C, levando à falência de órgãos. Nunca se deve deixar um pet sozinho dentro do carro. Caso isso aconteça, é essencial levá-lo imediatamente a um hospital veterinário para atendimento.

Em que medida as altas temperaturas podem agravar situações de abandono ou vulnerabilidade de animais em vias públicas?
Cláudio Yudi: O calor extremo aumenta a desidratação, pode causar queimaduras nas patas e levar à insolação em animais já debilitados. Isso agrava o sofrimento de cães e gatos em situação de vulnerabilidade, reforçando a importância de ações comunitárias, como pontos de água e campanhas de resgate e adoção responsável.

Quais doenças tendem a ser mais comuns no verão e como os tutores podem preveni-las?
Cláudio Yudi: Dermatites, otites, micoses, gastroenterites por alimentos estragados, miíases e doenças transmitidas por pulgas, carrapatos e mosquitos, como a leishmaniose, tornam-se mais frequentes. A prevenção inclui uso regular de antiparasitários, vacinas em dia, higiene adequada e secagem correta após os banhos.

Em relação ao banho e à tosa, manter o pêlo mais curto é realmente benéfico para os pets no calor ou existem riscos nessa prática?
Cláudio Yudi: O pelo tem função de proteção térmica e contra a radiação solar. O mais indicado é manter o animal escovado, com os fios livres de nós e realizar tosas moderadas, quando necessário.